O governo e o PT precisam repensar os rumos e parar de dizer que o “inferno são os outros” – por Leo Valente

Em meio às crises e notícias ruins, o governo chama a atenção pela facilidade com que o PT e a atual gestão colocam sempre a culpa nos outros. Aquela velha história de que “o inferno são os outros”. Na mais recente polêmica, o governo culpou o ex-presidente do Banco Central, Campos Neto, pelo novo aumento na taxa Selic, mesmo sendo uma decisão tomada por unanimidade em reunião do COPOM, comandada pelo novo presidente do Banco Central, indicado pelo próprio Lula.

Foto: reprodução

Recentemente, no episódio desgastante do PIX, ouviu-se a mesma justificativa: a culpa seria das fake news, do deputado Nicolas, que teria sido orientado pelo marqueteiro do Bolsonaro, que também seria responsabilizado. Haddad chegou a culpar a mídia por não ter credibilidade suficiente para desfazer a fake news. Ainda culparam o povo por não ter compreendido a situação. Não houve autocrítica, nem um “mea culpa”. Porém, recuaram, o que pode ser interpretado como um atestado de que estavam errados. Mesmo assim, continuaram: “Vamos recuar, mas a culpa é dos outros.”

Ouvi recentemente uma entrevista do governador Jerônimo, em que ele, ao ser questionado sobre a queda na popularidade do presidente Lula no Nordeste, também culpou o governo anterior.

Concordo com o governo quando alega que a oposição e parte da imprensa tendem a atribuir fatos negativos à gestão atual e fatos positivos a reações naturais do mercado ou a fatores externos. Um exemplo recente disso é a alta do dólar: quando disparou, foi culpa da política do governo; mas, ao recuar, economistas atribuíram a queda a fatores externos, como as políticas de Trump e o mercado global, mesmo que essa desvalorização da moeda americana tenha ocorrido mais forte no Brasil que em outros países. É como se o esforço da equipe econômica para conter a alta do dólar não tenha resultado nenhum. É aquela lógica de que, se as vendas de veículos crescem, é graças à indústria; se caem, é culpa do governo.

Neste ponto, o PT e o governo têm razão em reclamar. Contudo, colocar a culpa de tudo o que dá errado apenas na oposição, nas fake news ou na imprensa soa como alguém que nunca erra e, por não reconhecer ou itir os próprios erros, dificilmente aprende ou muda de rumo. E o rumo atual, com os números ruins da economia, como a inflação e as altas taxas de juros, reflete diretamente na queda da popularidade de um político considerado o mais popular da história do país.



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