Alta do diesel e do frete encarecem alimentos e podem comprometer medidas do governo

País é dependente do transporte rodoviário e alteração no preço do combustível tem efeito cascata na economia.

O aumento do preço do diesel e a elevação do valor do frete afetam os custos dos alimentos no Brasil e afetam as estratégias de governo para conter a inflação. Apesar da recente decisão de zero impostos sobre importação de alimentos, gargalos na infraestrutura logística do país dificultam a redução dos preços.

Imagem: reprodução

O início do ano já aponta para uma safra recorde de soja, mas uma grande demanda pelo transporte da colheita tem sobrecarregado a frota de caminhões disponíveis, afetando o escoamento de outras culturas e elevando os custos logísticos. Além disso, as empresas responsáveis ​​pelo transporte de grãos para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) relatam dificuldades para encontrar veículos e enfrentam altos custos de frete. A Padrão Transportes, que venceu uma licitação para entregar 10 mil toneladas de milho, solicita a suspensão do serviço por 45 dias devido a essas entraves.

Segundo edição publicada na Folha, em  estados como Mato Grosso, filas quilométricas de caminhões se formam nos principais pontos de transbordo, como Rondonópolis (MT) e Itaituba (PA). Com a colheita avançando rapidamente, a demora no transporte se torna um desafio logístico e financeiro. Além disso, a alta do diesel encarece ainda mais os custos operacionais.

Paulo Bertolini, presidente da Abramilho, afirma que o preço do frete subiu entre 30% e 40% em comparação ao ano ado. Ele destaca que a falta de estrutura para armazenamento nas propriedades rurais agrava o problema, pois os grãos precisam ser escoados imediatamente, transformando os tráfegos em verdadeiros depósitos móveis.

Outro desafio é a escassez de motoristas. Segundo a NTC&Logística, 93% das empresas entrevistadas em janeiro relataram dificuldades para contratar profissionais, um problema que se intensifica com o envelhecimento da categoria e a falta de renovação de mão de obra.

Os especialistas apontam que, embora medidas emergenciais, como a redução de impostos sobre importações, possam aliviar momentaneamente os preços, a solução definitiva a por investimentos em infraestrutura. Daniel Furlan Amaral, da Abiove, defende a ampliação dos modais de transporte, como ferrovias e hidrovias, citando exemplos de países como China e Estados Unidos.

Com aproximadamente 60% da carga nacional sendo transportada por rodovias, a dependência dos caminhões e as deficiências estruturais do setor seguem como entraves para a estabilização dos preços e a competitividade do agronegócio brasileiro.



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