“Vera Cruz não está à venda”, diz Jorge Rasta durante audiência sobre impactos da Ponte Salvador-Itaparica

Audiência promovida pelo Ministério Público Federal reuniu autoridades e lideranças para discutir impactos da obra em comunidades tradicionais.

Vereadores de Vera Cruz participaram, nesta quarta-feira (11), de uma audiência pública promovida pelo Ministério Público Federal (MPF), que discutiu os impactos da construção da Ponte Salvador-Itaparica sobre as comunidades tradicionais da região. O presidente da Câmara, Jorge Rasta, fez um discurso contra o que classificou como “jogo político sujo” por trás do projeto.

Foto: Reprodução

Jorge Rasta afirmou estar decepcionado com os bastidores que envolvem a implantação da ponte e disse que o prefeito de Vera Cruz, Igor Pinho, teria recebido a oferta de R$ 100 milhões em obras durante uma reunião na governadoria. “Vera Cruz não está à venda. Esse valor é obrigação do Estado, não pode estar condicionado à vinda da ponte”, declarou.

O vereador também disse em vídeo que “o Estado está impondo a Ponte, sem nenhum tipo de compromisso, de diálogo com a nossa cidade, com a Prefeitura, com o Poder Público como todo, e especialmente com a população, aquela que vai ser mais afetada, que é a população mais pobre.”

Apesar de dizer não ser contra o progresso do empreendimento, o vereador questionou a viabilidade da obra diante das deficiências básicas enfrentadas pela população local.

“Vivemos numa cidade onde não tem leito de UTI, não tem faculdade, dificuldade de mobilidade, e a gente vai ter que, na verdade, dividir aquilo que a gente não tem. A principal discussão aí se deu no sentido do Estado nos respeitar, nos ouvir.”, indagou, destacando a ausência de infraestrutura e serviços públicos essenciais no município.

Segundo Rasta, o processo que envolve a construção da ponte seria, na prática, um projeto de gentrificação.

“É um plano para retirar o povo nativo, negro e pobre da região. Não é só uma questão urbanística, é uma questão de respeito e sobrevivência”, afirmou.

O parlamentar ainda levantou suspeitas sobre interesses privados por trás do projeto, mencionando que terras na região já teriam sido compradas por aliados políticos.

“Façam uma investigação. Quem comprou o território da ponte? Gente ligada ao garoto-propaganda do projeto”, disse.

Jorge Rasta também criticou a maneira como o tema vem sendo tratado politicamente, afirmando que o debate ressurge sempre próximo às eleições.

“É sempre a mesma jogada, a cada quatro anos essa ponte volta à pauta.”

O vereador fez um apelo à mobilização popular, dizendo que apenas a pressão do povo pode barrar decisões políticas contrárias ao interesse da comunidade.

“Precisamos nos organizar. Vamos acampar na governadoria. Não vamos sair até que o governador nos ouça. O nosso povo não está à venda.”

Ao final, Rasta agradeceu ao promotor Marcos André pela sensibilidade e ressaltou que, embora confie na boa vontade do Ministério Público, acredita que a decisão final será puramente política. Afinal, Jorge Rasta quer que o Estado debata com o município o impacto ambiental e as comunidades que serão desapropriadas para a construção dos os do empreendimento viário em Vera Cruz.

“A Justiça sozinha não vai resolver. Essa é uma luta que depende de todos nós.” “discutir com a gente a questão da mitigação do impacto ambiental e dizer de fato o que a nossa cidade ganha. Talvez não tenha autoridade de definir nada sobre Ponte, mas ter uma legitimidade de defender os interesses da nossa cidade e do nosso povo.”



Veja mais notícias no blogdovalente-br.atualizabahia.com e siga o Blog no Google Notícia